O Destino das Almas

Capa(Prévia)

Capítulo 1: Alunos Novos

Olá meu caro leitor ou minha cara leitora, ou seja lá quem está lendo esse livro. Eu acho que sou Hadrick e tenho 17 anos. Atualmente estudo na Universidade-escola Halfway, na cidade de Chitlle. Minha mãe, Stella é branca, com longos cabelos cor de mel ondulados, porém cacheados nas pontas e tem olhos pretos com longos cílios naturais -E infelizmente herdei isso dela. Já meu pai, August é pardo e tem cabelos pretos, assim como os olhos. Minha mãe trabalha como vendedora em uma loja de roupas aqui no bairro e meu pai trabalha em uma empresa de saúde mental. Já eu, bem, sou branco, tenho um cabelo longo e preto, olhos castanho-escuros e uma mancha no pescoço, um pouco abaixo do queixo.

Hoje eu estou com meu cabelo preso em um rabo de cavalo, e o uniforme da escola que é uma calça preta e blusa branca com gravata preta para os garotos e para as garotas, saia preta, blusa branca e um laço preto. E graças a diretora, não é obrigatório ir de uniforme, mas eu quis ir com ele pois eu acho ele um tanto quanto bonito. Estava saindo da aula de Inglês quando meu amigo, Fredderick me chamou.

– Hadd, você veio cara. Achei que não viria!

– Infelizmente eu vim, aquela chata da minha mãe me obrigou.

Fred é meu melhor amigo desde o maternal. Ele é um dos meus poucos amigos. Estava usando uma blusa regata preta e shorts jeans azul claro com sapatos All Star pretos. Ele tem cabelos azuis, que realçam sua pele negra e seus olhos verdes.

– Cara, eu não entendo, sua mãe é sempre tão doce com você.

– Não é não, você que acha isso. -Disse, pegando minha bolsa cheia de livros enquanto saia da sala junto de Freddrieck ao som daquele sinal ensurdecedor.

Quando passamos pela porta pode ver uma garota vindo em nossa direção, correndo com as mãos para o alto e gritando meu nome.

– Hadd! Hadd! Tenho ótimas notícias! -Disse a voz, chegando mais perto.

Quando vejo, reconheço minha irmã mais nova, Ivy de 14 anos. Ela tem cabelos longos cor de mel ondulados, assim como os de minha mãe. Olhos pretos, e com uma maquiagem leve e suave naquele rosto pálido dela. Estava com o uniforme escolar feminino, saia preta, blusa branca e um laço preto.

– O que você quer Ivy? -Perguntei, ainda andando até o refeitório e sem a menor paciência de espera-la vir até mim.

– Maninho -Disse ela ao meu lado e chamando a atenção do fofoqueiro do Freddrieck – Você viu que o papai transferiu 50 Hikes para você gastar na cantina hoje

– Deixe-me adivinhar -Disse, com a mão no queixo, fingindo pensar – Ele acha que com isso, ele vai me fazer parar de odiar ele? E por isso, também, mandou você aqui para falar isso?

– Hadd, você sabe o quanto papai e mamãe se importam com você e com seu bem estar. Eles só querem o seu melhor, mas você insiste em falar que eles não fazem nada por você, que são pessoas más, e que só querem seu mal.

– Não me importo.

– Pois deveria -Disse Freddrieck, se intrometendo na conversa, enquanto eu empurrava a porta do refeitório.

Assim que chegamos no refeitório da Universidade, Ivy vai para uma mesa no centro da lateral direita, com seu grupo de amigas mimadas, assim como ela, enquanto eu e Fred vamos para uma mesa isolada no canto inferior esquerdo.

– Vou buscar comida, você quer algo? -Disse Fred, gesticulando para a cantina, que estava quase vazia, apenas com uma pequena fila de umas 5 ou 10 pessoas.

– Sim, vou querer um Doritos e uma Coca. Aqui meu cartão, pode comprar o que quiser com o dinheiro que restar.

– Ok, a senha é a mesma?

– Sim.

Enquanto observava Fred pegando meu cartão e indo para a fila, pude ver, na mesa da frente, pessoas, que pareciam ser alunos novos. Eram, definitivamente, um grupo de amigos, de no total 5 pessoas.

Uma menina, branca como um papel, de cabelos loiros, curtos, parecendo que foram cortados “às pressas” com uma tesoura de cozinha na altura dos ombros e olhos castanhos claro. Uma jaqueta jeans com uma blusa roxa em baixo e uma saia azul marinho com um cinto preto e detalhes em amarelo era o que ela tinha como roupas no dia. Um menino, que tinha a pele mais clara do que uma pessoa negra, porém mais escura do que uma pessoa parda juntamente a cabelos brancos e olhos azuis. Como vestimenta, uma blusa marrom com detalhes em preto e branco, e uma blusa preta por baixo, juntamente a uma calça jeans preta e botas pretas abertas na área da panturrilha.

Outra menina também branca, porém, com longos cabelos, pretos e lisos e olhos amarelos como o ouro. Tinha como roupa, um vestido amarelo, sem estampa, mas com uma pequena blusa branca por cima. E também haviam outros dois meninos, ambos com pele branca e curtos cabelos pretos, sendo que, um dos meninos, tinha as laterais de seus cabelos raspadas. O mesmo usava uma blusa regata com capuz preto e um shorts jeans azul claro, enquanto o outro usava uma blusa formal marrom com uma calça legging preta.

Assim que eu me virei, pude ver que Fred já estava voltando com duas bandejas empilhadas e em cima da primeira bandeja, a nossa refeição, e também percebi que ele me pegou encarando os “novos alunos “

– Tá olhando muito para eles em -Disse o Fred, com um tom sarcástico enquanto dava uma piscadela. É claro, a clássica piscadela

– Ahh, me poupe Freddrieck!

– Hahaha, você com certeza não sabe quem eles são né?

– Não sei mesmo. Pera ae. VOCÊ SABE? -Perguntei, na esperança de que ele me respondesse que sim, mas como já o conhecia, sabia que era pouco provável.

– Não, desculpa. Mas se for ajudar, ouvi que sua irmã sabe.

– Não vou perguntar para ela.

– Por que não?

– Você acha mesmo que eu vou perguntar pra aquela chata da Olívia? Não, não vou, não quero perder meu tempo com isso.

– Acho que você vai ter que perguntar pra Kam então, ela que sabe de tudo.

– Oi, oi, oi! – Disse uma voz feminina, logo sentando na mesa.

Era nada mais, nada menos que Kamryn. Assim como Freddrieck, Kamryn é minha melhor amiga desde o maternal. Ela tem um cabelo ruivo, pele branca e olhos pretos. Estava usando blusa ciano curta e uma calça legging azul escuro. Ela nunca, nunca usava o cabelo preso, sempre estava com ele solto, até quando cansada ou suando sob um sol escaldante.

– Sobre o que vocês estão falando? -Disse Kamryn, com um entusiasmo um pouco acima do normal.

– Hadd estava encarando eles -Disse Fred, apontando para a mesa à nossa frente.

– Eu não estava encarando.

– Hadd? -Disse Kamryn, com um olhar de questionamento. Tipo aqueles que a sua mãe dá quando você quebrou um copo, mas diz que não foi você.

– Oi?

– Até eu vi. Você está curioso para saber quem eles são, certo?

– Sim

– Eles são os novos alunos, chegaram hoje.

– Aaah, legal, mudou minha vida -Disse, com o tom mais sarcástico que eu pude.

– Hahaha, engraçadinho, estou morrendo de rir, haha. Enfim, mudando de assunto, vocês viram a notícia que passou no jornal de ontem?

Eu não conseguia continuar a ouvir a conversa deles. Algo me chamava para a mesa dos tais novos alunos. Algo me incentivava a perguntar quem eles eram. 

Capitulo 2: Nomes, Mortes e Brincadeiras

No final das aulas daquele dia, vi que eles estavam saindo pelo portão principal, e não poderia os deixar escapar, tinha que perguntar quem eles eram primeiro. Assim que eu cheguei perto, chamei a atenção deles.

– Ei! Vocês!

Eles se viraram, e a menina de cabelos cortados com uma tesoura de cozinha tomou posse da fala.

– Algum problema?

– Queria saber quem são vocês.

– E por que deveríamos dizer essa informação a você? -Disse o menino com cabelo branco.

– Bem, e-eu sou da mesma universidade que vocês, queria só tentar…

– Tentar nos conhecer? -Disse a menina de cabelos loiros

– Exato.

– Bom – Disse a menina de cabelo cortado- Nesse caso, eu sou a Nila.

– Sou a Luna -Disse a menina de cabelos loiros

– Sou Shawn – Disse o menino com a regata

– Sou Scott – Disse o menino com a blusa formal marrom

– Sou o Felix – Disse o menino com cabelos brancos – E você?

– Sou Hadrick.

– Gostei do seu nome camarada -Disse Felix, apontando pra mim, fazendo “arminhas” com os dedos.

– Obrigado?

– Então, quer perguntar algo? – Disse Nila

– Eeh, sim, quero sim.

– O que?

– Vocês são alunos novos?

– Sim, somos novos tanto na escola

– Quanto na cidade -Disse Scott, continuando a frase de Shawn

– Certo

– Mais alguma coisa? – Perguntou Luna

– Não, nada.

– Ótimo.

O grupo se vira e sai andando, enquanto eu sigo meu caminho para casa. Assim que chego, subo para meu quarto, coloco minha mochila na cama e retiro meus cadernos para fazer a lição de casa. Assim que acabo, ouço uma batida na porta.

– Filho! Venha o jantar já está pronto. -Era minha mãe.

– Já tô indo!!! -Gritei enquanto guardava meu material.

Desci as escadas rapidamente, depois fui até a cozinha, onde a televisão estava ligada, passando o jornal.

– E agora, uma notícia urgente de última hora! -Disse o apresentador do jornal- Uma menina de apenas 17 é achada morta na calçada da Universidade-escola Halfway.

Quando olhei para a televisão, percebi que a garota encontrada morta, foi Kamryn. Kamryn foi encontrada morta, e nesse momento perdi total apetite, disse que não estava com fome e subi direto para o meu quarto, logo pegando o celular e ligando meu computador. Enquanto aguardava o computador ligar, ia digitando para Freddrieck.

– Fred, você viu a notícia do jornal? -Iniciei a conversa.

– Vi cara, ela…  morreu -Digitou Fredderick, colocando um emoji de pavor (😱) e tristeza (😥)

– Ela era nossa amiga. -Digitei de volta

– Isso é tão injusto!! -Digitou ele

Já estava ficando tarde, porém, continuei falando com Fred, e, depois de ele se acalmar e sair do chat, tomo um banho e me deito para dormir. No dia seguinte decidi não ir à universidade, e como minha irmã foi à escola, e meus pais foram trabalhar, fiquei sozinho em casa.

Eu fiquei jogando videogame a manhã toda, comi em frente à televisão, para assistir o jornal e mais uma notícia de uma morte passa.

– Um garoto chamado Freddrieck, de 17 anos, é atropelado por um motorista bêbado. O motorista já foi preso, porém o garoto não resistiu e morreu antes de chegar ao hospital. O homem já está respondendo por crime de homicídio culposo e irá para o júri nesta segunda.

Eu estava pasmo. Primeiro a Kam, e agora o Fred?! Um atrás do outro?! Eu não sabia o que fazer, mas sabia que não poderia ficar em casa todo deprimido, então, decido pegar meu livro e sair para um parque que tem na rua. Ando, ando, ando e encontro um bom lugar para sentar na frente de uma árvore. Pego meu livro e abro, começo a ler. Em pouco tempo pego no sono e tenho um sonho macabro.

Estou em uma vila parecendo estar abandonada, porque as casas estavam com madeiras presas nas janelas quebradas e as portas com as dobradiças arregaçadas, mas, as portas ainda estavam fechadas, como se as pessoas que moravam ali, quiseram fugir, mas infelizmente não conseguiram.

Começo a andar e lá na frente, vejo uma igreja em perfeito estado, paredes branquinhas, como se tivessem sido pintadas a 10 minutos, as bordas das paredes e da porta com o que parecia ser uma fita dourada, parecendo ser de puro ouro. Quando entro, noto uma garotinha, rezando agachada na frente de uma figura, que parecia ser algum anjo pelas asas, mas nada confirmado.

Quando me aproximo da garota ela se vira para mim. Ela tinha olhos negros, uma pele pálida e um sorriso no rosto, mas não era um sorriso normal, era um sorriso cortado, sua boca não tinha cor, era preta como os olhos. Sua roupa era meio escolar, um vestido branco com algumas partes pretas, parecendo tinta derramada. Não tinha sapatos, andava descalça e por isso, imagino eu, seus pés eram pretos -literalmente.

– Olá, novo amigo -Disse a menininha- Meu nome é Agatha! -Continuou ela, se levantando.

– O-oi?

– Qual seu nome?

– O meu é… -Parei para pensar, eu não poderia dizer meu nome um estranho, PRINCIPALMENTE para essa menina, que tinha uma cara de capeta- Meu nome é Oliver

– Bonito nome. Vamos brincar?

– Claro, qual a brincadeira?

– O jogo se chama esconde e mata

– Parece legal – Menti

Assim que acabo de falar, ouço uma voz me chamando.

– Hadd, Haaadd! – Parecia ser a minha irmã.

Abro os olhos e confirmo minhas suspeitas

– Hadd, vamos, você pegou no sono aí. Já está de noite. Mamãe e papai vão ficar preocupados se você não chegar a tempo do jantar!

– Tááááá

Pego meu livro, e me levanto, começo a andar e Ivy corre na minha frente. Quando chegamos, a mesa já estava posta e o jantar quase pronto.

– Haddy, aí está você, estava ficando preocupada. -Disse minha mãe, vindo na minha direção

– Tanto faz, vou tomar banho.

– Ok…

Subo e tomo um banho, depois, desço novamente para comer. Quando acabo, retiro meu prato da mesa e subo para dormir. Assim que me deito, dentro de poucos minutos, já estou dormindo e tenho outro sonho, que parecia muito ser a continuação do outro que tive no parque. Abro meus olhos e estou em uma floresta, junto com a Agatha.

– Oliver! Você voltou!

– Voltei, aonde estamos?

– Em uma floresta ao lado da vila, mamãe e papai deixaram eu vir me encontrar com você aqui, e aí, vamos brincar agora?

– Claro.

– Ótimo! A brincadeira é a seguinte, você corre e se esconde enquanto eu conto até 10, quando eu acabar de contar, vou sair a sua procura, se eu te achar, você morre, se você conseguir encostar pelo menos um dedo nessa árvore, você ganha e o jogo vira. Agora vamos jogar.

Ela se virou, e antes mesmo de ela começar a contar, eu começo a correr. Depois de correr muito, chego novamente a vila e me abrigo em uma casa. De repente ouço os passos da Agatha.

– Oliveeeer, cadê vocêêê? -A voz dela estava extremamente perto do meu esconderijo.

Prendo minha respiração e calmamente começo a andar para a porta dos fundos. Chego lá, giro a maçaneta enquanto escuto ela girar a maçaneta da porta da frente, assim que a porta abre, eu corro direto para a floresta e quando estou quase chegando na árvore, ouço ela atrás de mim.

– Não é justo, é contra as regras você sair do seu esconderijo, então volte aqui e se renda! Vamos, SE RENDA!

Eu estou quase chegando, quase encostando na árvore! Eu vou vencer ela!

– NÃO, NÃO, NÃO, NÃÃÃÃO! VOCÊ NÃO VAI GANHAR!

Eu viro minha cabeça para vê-la, mas já era tarde, ela tinha lançado uma faca em direção ao meu peito e assim, atravessou o mesmo. As últimas coisas que pude ouvir foram risadas malignas e um “EU TE VENCI SEU BOSTA” muito alto. 

Capítulo 3: Não Recomendado Ler De Noite

Eu me levanto, assustado e ofegante. Pego meu celular -deixo ele no criado-mudo- para checar as horas e vejo que são 3:30 da manhã e penso: “coisa boa que não é”. Levanto e desço as escadas calmamente para não acordar ninguém. Quando chego na sala, percebo um vulto sentado no sofá. Começo a andar na ponta dos pés, tentando passar por trás dele sem que ele me veja, porém, quando chego atrás dele, sua cabeça se vira totalmente para mim, com grandes olhos brancos abertos. Eu me assusto(Obviamente), e caio para trás, batendo minhas costas contra a parede. O vulto não fez nada, apenas ficou me observando enquanto eu me recompunha e ia de costas para a cozinha.

Quando me certifico de que estou na cozinha -E longe o suficiente daquela “coisa”- me viro para pegar uma água. bebo, e quando me viro, o vulto está na minha frente, parado. Eu dou um grito, caindo para trás e deixando o copo cair no chão, com cacos e pedacinhos de vidro voando para todos os cantos. Antes que eu possa cair no chão e possivelmente me machucar com os cacos do copo, me seguro na bancada da pia, olhando assustado para o vulto.

–  N-não c-chega pra-perto -Disse, com minha voz tremendo, andando de lado, ainda apoiando na pia.

O vulto me perseguia com a cabeça, me olhando, vigiando. O medo vai se transformando em angústia e ansiedade, enquanto vou perdendo o controle da minha respiração, acelerando-a cada vez mais e mais. Continuo andando de lado, com uma das minhas mãos no armário, e, assim que sinto a gaveta onde minha mãe guarda as facas, abro-a rapidamente e pego uma faca.

– E-eu não sei o que você é, mais acho bom não se aproximar -Digo apontando a faca para o vulto

– Não se preocupe garoto, não vou te machucar -Diz o vulto, com uma voz de garotinha

– Espera… Eu conheço essa voz..

– Esqueceu de mim Oliver?  Ou devo dizer…. Hadrick?

– A-agatha? C-como você sabe meu nome?

– HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA, VOCÊ REALMENTE ACHOU QUE EU ERA TÃO BURRA ASSIM? -Ela gritou. Seu grito fora tão incrivelmente alto, que fiquei me perguntando como minha família ainda não havia acordado

– Q-que? C-como -Disse, gaguejando e tremendo.

De repente, o vulto vai começando a tomar uma forma mais “humana”, e logo percebo que é a Agatha. Ela aproximou-se de mim, e eu não abaixei a faca. Antes que ela chegasse em mim, alguém acendeu as luzes da cozinha. Agatha olhou rapidamente para trás, e desapareceu, fazendo com que eu pudesse ver quem ligou as luzes. Minha mãe.





– Filho, o que aconteceu? -Ela pergunta, preocupada. óbvio que ela estava preocupada. Eu estava suando e com uma faca na mão, apontada diretamente para ela- Abaixa essa faca!

Eu deixo a faca escorregar pelos meus dedos, caindo no chão. Eu desabo em meus joelhos e coloco as mãos na minha cabeça. Desesperado, começo a chorar. Eu estava enlouquecendo!

– Hadd, você tomou seus remédios? -Disse minha mãe, se agachando ao meu lado e colocando uma mão em meu ombro.

– N-não… -Disse, enquanto ela se levantava, pegando um dos meus vários remédios e um copo d’água.

– Aqui, beba.

Peguei o copo e o remédio, rapidamente tomando a pequena pílula oval com uma coloração vermelho rosê.

– Se sente melhor?

Eu aceno concordando enquanto ela me direciona de volta ao quarto. Ela desce novamente para limpar o copo quebrado e eu deito em minha cama para dormir. Esqueci de colocar, eu deito em minha cama para TENTAR dormir. Fico pensando no que aconteceu. Como Agatha havia descoberto meu nome? Como ela sabia onde eu moro? Como ela saiu do meu sonho?! Ok, ok, eu esqueci de tomar meu remédio? Sim. Isso pode ter causado alucinações? Com certeza. Mas e se isso não foi só uma alucinação? Parecia muito real para não ser real… E se foi real? E se eu realmente estiver correndo algum perigo aqui? Será que Fred e Kam também haviam passado por algo parecido? Talvez.

Depois de mais alguns minutos de reflexões, acabo caindo no sono. Quando acordo, são 7:00. Claramente eu estava atrasado para a escola que fechava os portões e iniciava as aulas às 8:00. Me levanto correndo, colocando minha roupa e descendo para tomar o café da manhã. Eu pego um pão francês e rapidamente monto um lanche de pão, requeijão e mortadela. Dou bom dia e tchau para todos, saindo apressado para a escola. Eu vou comendo meu pão no caminho e logo chego na escola. Na porta, está o grupinho novo: Nila, Luna, Shawn, Scott e Felix.

– Ei cara, você tá bem? -Pergunta Felix, meio triste. Sei que mal conheço ele, mas ele é aquele tipo de pessoa que, de longe, você já sente toda a felicidade e malandragem.

– É, vimos o noticiário. Eram seus amigos, não? -Perguntou Shawn

– Sim…

– Meus pêsames -Disse Luna.

– Não tem porquê ficar triste. Ok, eles morreram. E daí? Eles não vão para lugar algum mesmo. -Assim que eu termino a frase, Nila me olha com cara de espanto e desgosto.

– Como ousa dizer isso?! -Nila diz, com um tom de raiva- Você tem muito que aprender ainda garoto!!

– Nila, se acalme! -Disse Scott, colocando uma mão no ombro de Nila para chamar a atenção dela- Não perca a postura. Se recomponha!

– Certo…Perdão, Hadrick -Disse Nila se “recompondo”

– Tudo bem? Eu acho. Enfim, melhor eu entrar, tenho aula.

Eu rapidamente me despeço do grupo e adentro a esse inferno chamado Universidade-escola Halfway. A primeira aula já não é tãããão divertida. Geometria. Eu não sou lá muito bom em Geometria e também o professor não ajudava. Era um chato. CHATO. C-H-A-T-O. CHATOOOOOO. Todo mundo odiava ele. A sala INTEIRINHA. E eu não estou exagerando. É verdade, tá? Um grupo de meninas até foi falar pra diretora que ele era um chato e que nem passava a matéria. Ele disse que tinha uma notícia para nos dar. Coisa ruim é que não era. Depois de um longo e entediante discurso, ele finalmente falou o que todos queriam ouvir.

– Eu vou tirar licença da escola.

Eu sentava na última carteira da segunda fileira, perto da parede direita da sala, portanto, tinha uma ótima visão da sala. Eu olhei para os lados e vi que todos estavam segurando um sorriso largo ou uma risada alta. Já que todos odiavam ele, não tinha notícia melhor que essa. A aula dele era a última do período, e ele havia dado aquele “discurso” no final da aula. Assim que o sinal bateu e ele saiu, a sala inteira começou a se abraçar e pular de alegria.

Eu não perdi tempo e saí correndo para o intervalo. Eu havia esquecido meu lanche, mas tinha dinheiro na minha conta. Quando vou mexer na minha mochila eu fuço, fuço, fuço, mas não acho minha carteira. Até que eu lembro que esqueci ela embaixo do meu abajur na minha bancada. Merda! Será que dá pra pagar com pix? Bom, se não der, eu falo que trago o dinheiro amanhã. Já fiz isso várias vezes e sempre cumpri minha palavra.

Eu vou para a cantina que já está com uma pequena fila de 5 pessoas para pegar as encomendas mais uma fila de 0 pessoas para pagar o lanche. Bingo! Saio correndo para pegar meu lugar na fila.

– O que vai querer? – A tia pergunta

– Uma Ruffles de churrasco, uma Fanta laranja e um M&Ms, por favor. -Respondo

– Certo, isso dá R$18,00 – “Caramba, 20 conto só num lanche completo?”- Penso, assim que a tia fala o preço- “A inflação atingiu até as escolas”

– Posso pagar amanhã? Eu esqueci o lanche e a carteira.

– Claro! Pode ir pegar seu lanche -Diz a tia, me entregando um papelzinho com o meu pedido.

Me dirijo a bancada ao lado, entregando o papel para a Tia Floracyr, que logo me entrega meu lanche com um grande sorriso. Eu agradeço e me viro, indo para a mesa onde eu sempre sentava com Fred e Kam. Me sento e abro minha Ruffles de churrasco. Enquanto como, me pergunto: O que será que acontece com as almas depois da morte?