A Temida

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Capítulo 1: Sonhos

A igualdade de raças é uma grande falsidade, e… Desculpa se eu feri os sonhos de alguém, mas é a realidade. Sinto muito.

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Olá, sou Maiuy, princesa do Reino Moonlight, atualmente tenho 16 anos. Minha família é composta pelo meu avô, Connor, com 470 anos, caçador de relíquias, porém um humano normal como eu, minha avó, Karma, com 467 anos, uma bruxa poderosa, que foi expulsa do céu. Meu tio mais velho, o rei, Muzan, com 58 anos, é um oni. Meu tio, Maphis, o segundo mais velho, com 55 anos, um anjo, que trabalha como pirata (e tem muito orgulho disso), meu tio Harry, irmão do meio, com 52 anos, um elfo, dono de um sítio, meu pai, Zachary, o irmão mais novo, tem 50 anos, trabalha como cientista e minha mãe, Stelle, com 45 anos, é dona de um hospital, e atua nele também.

E é claro! Não posso me esquecer dos meus 6 irmãos! Os 3 mais velhos, trigêmeos, Michael, o mais bravo, Raphael, o mais ouvinte e Gabriel, o mais calmo, todos anjos(não meus irmãos não são os arcanjos da justiça, da cura e da anunciação), todos com 30 anos. Meus dois irmãos mais velhos, gêmeos, Matthew e Dake, com 26 anos, ambos vampiros. E por fim, o meu irmão mais novo (eu sou a mais nova, mas, ele foi o que “nasceu antes de mim”), Luwe, com 21 anos, um demônio super fofo.

Eu estava dormindo, e eu tive um sonho um tanto quanto estranho. Eu estava em uma casa, uma casa vazia, e aparentemente abandonada. Eu tinha uma vela em minhas mãos. Eu andei pela casa, depois, fui à cozinha. Tinha louça na pia, as portas dos armários estavam abertas, a lareira tinha madeira queimada, ainda quente, como se alguém tivesse acabado de apagar o fogo, e também tinha uma porta, parecendo que dava para o porão.

Fui tentar abri-la, quando eu ouvi um som de escavação. A pá roçando a pedra do chão, retirando-as, e jogando para trás. Até que…. Parou. Depois, era possível ouvir alguém tacando a pá no chão e subindo para a cozinha. Eu corria para o saguão, onde quase não tinha móveis, apenas um armário e uma sapateira retangular com uma gaveta. Entre esses dois móveis, havia um vão, que usei para me esconder. Logo depois, a coisa chegou.

Era um homem, branco (literalmente B-R-A-N-C-O, como uma folha de papel), com cabelos pretos e longos. Usava uma blusa azul marinho, calça preta e um avental sujo de sangue e terra, e mais, ele ainda tinha um facão na sua mão:

– Maiuyyyyy, onde você estáááááá? -Perguntou o homem, se aproximando cada vez mais do meu esconderijo.

– Senhorita Maiuy -Uma voz externa, de fora do sonho- Senhorita Maiuy!!! -Uma mão tocou o meu ombro e me chacoalhou. E eu acordei- Senhorita Maiuy, que bom que acordou, está na hora de se arrumar. Os outros lhe esperam na mesa.

– Aah, certo, vou me arrumar, obrigado por me avisar Hiisu.

– É pra isso que fui contratada, senhorita. -Disse Hiisu, saindo do quarto e fechando a porta atrás de si.

– Bem, vamos logo com isso.

Eu começo a me despir e vou direto para o banheiro, tomar um banho. Arrumo meu cabelo, escolho um vestido formal, e saio para o café. A mesa está agitada como sempre, com Matthew, Draken e Michael discutindo, Raphael, Gabriel e Luwe conversando sobre livros, meus tios, meu pai e meu avô conversando sobre economia, e minha mãe e minha avó conversando sobre… Bem, assuntos femininos.

– Bom dia – Digo, sentando na mesa.

– Bom dia maninha -Diz Luwe, olhando para mim, e deixando Raphael e Gabriel conversando sozinhos- Dormiu bem?

– Mais ou menos. Tive um sonho estranho.

– Hmm, interessante. Talvez a vovó saiba algo sobre.

– Boa ideia, vou perguntar para ela depois.

Assim que o café acaba, saio para ver a aldeia. Cumprimento a todos, e, assim que vejo de longe, corro para dar um abraço pelas costas do Elijah, um dos Cavaleiros de Elite do Reino Moonlight.

– Oi Eliiiiiiii! -Digo, feliz, enquanto olho em volta e vejo outros guerreiros.

– Olá Princesa Maiuy -Diz Elijah, virando-se e retribuindo meu abraço.

Começo a conversar com ele, até que me lembro de que iria perguntar a minha vó, sobre meu sonho. Me despeço do Elijah e dos outros cavaleiros. Vou até o castelo novamente, porém, ao invés de entrar, eu vou para o lado do castelo, onde se encontra o armazém do meu avô (onde ele guarda todos os artefatos e relíquias), a horta de maconha e ervas e a “lojinha” da minha avó. Entro na lojinha e me dirijo aos fundos, e, lá está ela, com seu caldeirão, juntando ervas e outras coisas.

– Problemas com pesadelos? -Perguntou minha avó, sem nem se quer tirar os olhos do que estava fazendo.

Minha vó era muito inteligente e sempre sabia exatamente quando alguém iria até sua loja. Eu contei a ela sobre meu sonho, e que senti como se já conhecesse aquele homem.

– Minha querida neta -Começou ela. Sabia que quando ela dizia isso, ela iria jogar uma bomba- Sonhos podem significar muito. Sabe, tem uma coisa que vou te contar, porém, quero que não conte a mais ninguém.

– Ok. Não vou contar -Disse, curiosa para saber qual seria a história de sua vida que ela iria me contar desta vez

– Muito bem -Começou gesticulando para que eu pegasse um banco e me sentasse- Quando eu era menor, vivi em uma pequena vila, e nela, havia uma casa, uma casa abandonada. Um dia, descido me aventurar por lá, e entrei na casa. Era velha, muito velha, e tinha um cheiro insuportável de madeira molhada e mofada, mas mesmo assim, eu continuei. Continuei andando, e fui para o andar de cima. Acabei descobrindo que a casa, um dia pertenceu a um casal com uma filha, porém, aparentemente, o pai tinha alguns problemas psicológicos e problemas com álcool também. Um dia, enterrou a mãe da menina viva, e a coitada, viu tudo.

– Como descobriu isso vovó?

– Li o diário do moço, estava deixado em cima da cama. -Diz, dando de ombros- Continuando, a menina ficou com medo, e subiu para o seu quarto correndo, porém o pai já sabia que ela viu tudo. Ele foi subindo com uma faca na mão, matou a menina, ele escondeu os ossos da garota e depois se matou. Sei que agora ele vaga por sonhos, e provavelmente, a casa do seu sonho, é a casa deste homem e o homem é ele.

– Entendi vovó, obrigada.

– De nada meu amor.

Eu saio da loja eu vou para o meu quarto, começo a ler um livro, sentada na minha cama, quando um corvo aparece na minha janela. Ele tem uma carta em seu bico. No mundo onde eu vivo, corujas, corvos, pombos, qualquer ave é usada para transmitir cartas e notícias. Eu peguei a carta, e ele voou, eu abri a carta e…

Capítulo 2: A Carta de Intercâmbio

Eu abri a carta, e dentro estava escrito:

Parabéns! Você foi aceita para o Programa de Intercâmbio da Universidade Crisco Cop.

As aulas começam no próximo mês, porém, você virá uma semana antes para poder se acostumar com o fuso horário, para se acomodar no seu novo quarto e para se acostumar com as pessoas e seus devidos costumes/formas de vida.

Junto com você, também irá vir mais alguns alunos para o Programa de Intercâmbio.

Um ônibus irá buscar você. Por ser mais longe, o ônibus irá pegar você primeiro. Esteja pronta no dia 24 deste mês, às 14:30.

Esperamos que esteja ansiosa para começar seu novo estilo de ensino.

Atenciosamente,

Diretor:

            Morpheus

Uma carta para um Programa de Intercâmbio? Dia 24! “Caramba, hoje já é dia 18!” pensei “Terei 6 dias para avisar a minha família e me arrumar! Acho que vou contar para todo mundo no jantar, é melhor do que eu ficar tentando achar todos, sendo que estão, cada um em um lugar.”

Sentei na minha cama, e pensei, primeiro em se eu conseguiria me adaptar bem a essa nova escola e a seus devidos estudantes. Depois, pensei muito em que teria que deixar minha família. Sou a princesa mais nova, claro, mas isso nunca me impediu de ir ver representantes de outros clãs. Geralmente, eram os próprios reis, porém, meu tio sempre estava muito ocupado com papéis, e, às vezes, tinha dois encontros em um dia. Quando criança, em meus 5 anos, sempre pedia para meu tio me levar com ele para que eu pudesse ver, as culturas, as pessoas, e até conversar com os reis, então, por isso, entre meus 14/15 anos, comecei a ajudar ele, indo aos encontros, muitas vezes os reis ficavam surpresos, mas também tinham aqueles que já me conheciam desde criança, e sabiam que eu iria fazer isso.

Eu já saia -Muito- em uma semana, mas eu nunca havia pensado em sair, realmente para ficar um ano letivo completo fora, poderia ser uma grande oportunidade, para aprender coisas novas, aprender mais sobre outras culturas, e mais, ainda conheceria muitas pessoas novas. Portanto, conclui que havia chegado a minha decisão final, eu iria -Com a permissão e consentimento da minha família-.

Depois de eu ter pegado de um livro, fui para o jardim e -isso via soar muito como um conto de fadas, mas eu juro que não é-, sentei embaixo de uma árvore, peguei meu chá, tomei um gole, e abri meu livro.

Sem perceber que já havia ficado de noite, e, uma das criadas veio me buscar para o jantar. Na mesa -como sempre-, já estava quase acontecendo uma guerra de comida entre os 6 irmãos:

– Recebi uma carta para um Programa de Intercâmbio. -Falei, sentando-me à mesa.

– Para que escola maninha? -Perguntou Luwe, chamando a atenção de todos a mesa.

– Universidade Crisco Cop.

– OI?! -Gritou Michael, quase quebrando a mesa com um soco.

– Michael, se acalme e sente, por favor, não queremos arcar com o custo de uma nova mesa- Disse mamãe, fazendo com que Michael se sentasse novamente- Então querida -Começou mamãe, tirando seu olhar do Michael e voltando-o para mim- Você sabe que dia irão vir lhe buscar? Decidiu se vai querer realmente ir?

– Sim mamãe, observei todos os prós e contras, e conclui que realmente irei querer ir, e que será bom para meu aprendizado e expansão cultural. As aulas começam no próximo mês, porém, eles irão vir me buscar uma semana antes, dia 24, para que eu possa me acostumar com o fuso horário, para me acomodar no meu novo quarto e também para me acostumar com as pessoas.

– Que horas virão te buscar? -Perguntou meu tio Maphis, logo depois de engolir uma grande garfada de arroz com carne.

– 14:30, o ônibus vai me pegar primeiro por morar mais longe.

Depois de minha fala, todos disseram que eu poderia ir, e me incentivaram, porém, logo voltaram suas atenções para outros assuntos.

Depois do jantar, tomei um banho e me deitei para dormir, pensando em como seria nessa nova escola. Eu teria que deixar minha família para ir para outra escola, não só isso como também abandonaria meus amigos do Reino! Eu queria ir para expandir meu conhecimento cultural e conhecer pessoas novas, mas, eu também não queria ir, porque não queria deixar minha família e amigos para trás! É como se eu fosse uma rainha, e deixasse meu reino para simplesmente ver como é outro, deixar meus súditos -Filhos e marido se tivesse- para simplesmente ver uma cultura diferente! Ok, você pode falar “A, mais você vai ver uma cultura inexistente no seu reino Maiuy”, e eu vou te responder “Sim, mas isso é apenas uma hipótese, pois, aqui no meu Reino, o Reino Moonlight, há todos as raças que você pode pensar e talvez conhecer em toda a sua vida! Eu tenho um mix de culturas, tenho todas as culturas disponíveis na minha frente para poder aprendê-las, então, não adiantaria nada eu ir lá para ver uma cultura na qual posso: tanto perguntar ao meu Tio, que já foi para o país onde é localizada a escola, quanto perguntar a um de meus amigos do reino, já que ele veio de lá.” Entende o que eu quero dizer?

Com certeza, você, que está lendo -ou até mesmo ouvindo-, já passou por uma situação igual. Ficou anos na escola, com um pequeno grupo de amigos e com o resto da sala odiando você, ou até mesmo nem sabendo/lembrando da sua existência, e, depois, mudou de escola, e achou uma sala maravilhosa, uma sala acolhedora e que você conseguia e podia rotular como a sua segunda família. Você passou 1 ano com essa sala, e quando chegou no próximo, você era informado pelo seu responsável que teria que trocar de escola. Você deve ter se sentido mal, em ter de deixar a sua segunda família, em ter de abandonar a sala acolhedora que você demorou anos para achar, para ir para uma outra que você nem sabia se seria igual. Quem te garante que você não vai demorar mais anos pra achar uma sala como essa, e mais! Quem te garante que você vai, NO MÍNIMO, achar uma sala como essa!

Ninguém.

Ninguém pode te garantir isso, nem mesmo deus de sua religião, -e se você, leitor, for ateu: nem mesmo quem é superior a você-

Eu estava tão exausta de ter pensado sobre o mesmo assunto, que dormi logo após finalizar a minha lista mental da rotina de amanhã.